LaLiga organiza em Buenos Aires um evento pioneiro contra a pirataria audiovisual na América Latina

LaLiga organiza em Buenos Aires um evento pioneiro contra a pirataria audiovisual na América Latina

A LaLiga realizou em Buenos Aires a primeira edição da Conferência Contra a Fraude Audiovisual na América Latina, encontro que reuniu especialistas, empresas de tecnologia e representantes governamentais para analisar estratégias globais voltadas ao combate à pirataria no âmbito esportivo. Durante o dia, foram discutidos os principais temas relacionados com a tecnologia, o cibercrime e o seu impacto na transmissão de eventos desportivos.

O evento contou com a participação de importantes figuras e organizações, como o Ministério da Justiça da Argentina, LigaPro do Equador, 1190 Sports, Aliança Contra a Pirataria, ESPN Brasil, DIRECTV, Mercado Libre e TelevisaUnivision, entre outros.

O presidente da LaLiga, Javier Tebas, abriu o dia com um discurso contundente intitulado «Google, X, Cloudflare e grandes empresas de tecnologia como colaboradores necessários na fraude audiovisual». Segundo Tebas, o objetivo da LaLiga é reduzir em 70% as fraudes audiovisuais no próximo ano. Além disso, apontou diretamente o dedo para gigantes da tecnologia como Google e Cloudflare, acusando-os de facilitarem esse tipo de crime. «Não vamos parar até que eles atuem de forma adequada. O mesmo se aplica a todos os envolvidos na lavagem de dinheiro relacionada à fraude audiovisual”, afirmou.

O papel das grandes empresas de tecnologia na fraude audiovisual

Uma das apresentações mais marcantes do evento foi «O papel do Google na facilitação da pirataria desportiva: um apelo a maior responsabilidade e colaboração». Participaram desta sessão Quésia Pereira Cabral, delegada da Polícia Civil Brasileira; Hernán Donnari, CEO da 1190 Sports; Miguel Ángel Loor, presidente da LigaPro do Equador; e Gesiléa Fonseca Teles, da Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil, com moderação de Virginia Cervieri.

Os palestrantes abordaram como as grandes empresas de tecnologia têm desempenhado um papel significativo no fluxo de conteúdo pirata, seja por falta de ação eficaz ou por permissividade em relação a plataformas que facilitam o acesso a conteúdo ilegal. A necessidade de uma maior colaboração para conter o crescimento global da pirataria também foi destacada.

Perspectivas jurídicas e desafios multissetoriais

O painel intitulado «Ordens de bloqueio: enquadramentos legais e desafios. Uma perspectiva multissetorial » reuniu especialistas como Jorge Bacaloni, da Aliança Contra a Pirataria Audiovisual; Alejandro Musso, procurador do Ministério Público da Argentina; Nuno Ferreira-Pires, da Sport TV Portugal; Aude Benichou Mac Allister, da LFP Media; e Daniel Wong, da ESPN Brasil, sob moderação de Francisco Estupiñán.

Os participantes analisaram os quadros jurídicos existentes para a emissão de ordens de bloqueio contra websites que distribuem conteúdos piratas. Também discutiram os desafios que as autoridades enfrentam na implementação de tais medidas, dada a natureza transnacional do crime e a rápida evolução da tecnologia.

Pirataria na Argentina: um problema estrutural

O Ministro da Justiça da Argentina, Mariano Cúneo Libarona, interveio para destacar a gravidade da pirataria no país. Segundo Cúneo Libarona, 42% dos lares argentinos com acesso à Internet consomem conteúdo pirata, o que acarreta riscos como exposição a vírus, violações de confidencialidade e fraudes financeiras.

“Este crime exige sanções exemplares, principalmente quando envolve o crime organizado”, afirmou. O ministro sublinhou que o Estado deve actuar no sentido de prevenir e punir condutas criminosas, garantindo que os lucros obtidos através destas actividades ilegais sejam confiscados. “Só assim se protege o património, bem jurídico de extrema importância”, concluiu.

A tecnologia por trás da fraude

Outro tema relevante foi a análise do papel dos serviços de proxy reverso, como os oferecidos pela Cloudflare, na perpetuação da pirataria. no painel “Cloudflare e o papel dos serviços de proxy reverso”Diego Dabrio, da UEFA, participou; Edson Taro Nakajima, da IP House; e Phil Welcome, do Motion Picture America, moderado por José Ignacio Carrillo, da LaLiga.

Da mesma forma, outro bloco abordou o uso de VPNs como ferramentas para contornar bloqueios geográficos e IP. Entre os palestrantes estavam Víctor Roldán, da DIRECTV; Sergio Piris, da TELECOM Argentina; James Clark da GeoComply; e Horacio Azzolin, da unidade de Crimes Cibernéticos do governo argentino, com moderação de Francisco Escutia. Este painel destacou como as VPNs continuam a ser um desafio para as autoridades, pois permitem que os utilizadores acedam ilegalmente a conteúdos restritos.

Mídias sociais e pirataria ao vivo

O evento foi encerrado com uma palestra sobre o papel das redes sociais como motores de busca de acesso a links ilegais e transmissões ao vivo de eventos esportivos. Esta sessão contou com a participação de Virginia Cervieri, Eduardo Ruiz, do Simple; Guadalupe García Crespo, do Mercado Livre; e Michaela Durinova, da TelevisaUnivision, moderada por Guillermo Rodríguez.

Os especialistas discutiram como as plataformas sociais evoluíram para se tornarem ferramentas essenciais para os utilizadores que procuram conteúdo pirateado e destacaram a necessidade de as empresas tecnológicas implementarem medidas mais rigorosas para prevenir estas práticas.

Um esforço global antipirataria

A primeira Conferência Contra a Fraude Audiovisual na América Latina organizada pela LaLiga marcou um passo importante na criação de uma estratégia global de combate à pirataria. Com a participação de atores-chave de vários setores, ficaram claras as dificuldades e desafios colocados por este fenómeno, mas também foram lançadas as bases para uma colaboração mais eficaz entre governos, empresas e organizações internacionais.

O compromisso da LaLiga e dos seus aliados em reduzir drasticamente a pirataria audiovisual nos próximos anos reforça a importância de proteger os direitos de propriedade intelectual e garantir um futuro sustentável para a indústria do desporto e do entretenimento.

By Joao K. Pinto

Você pode estar interessado em