Entenda o Ritual Complexo dos Budistas Tibetanos para Encontrar o Próximo Dalai Lama

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O método para localizar o próximo Dalai Lama é um dos cerimônias mais veneradas e intrincadas do budismo tibetano. Ele abrange várias tradições espirituais, avaliações e ícones que expressam a rica tradição cultural do Tibete. Este rito é crucial não somente para a continuidade da liderança espiritual tibetana, mas também para a sustentação da identidade budista em um cenário político e social complicado.

A seleção do próximo Dalai Lama, visto como uma reencarnação do predecessor, começa após o falecimento do guia espiritual. Espera-se que o futuro Dalai Lama seja identificado em um garoto, tipicamente entre 2 e 4 anos, que mostre indícios de reconhecer objetos e indivíduos conectados ao antigo Dalai Lama. Tais indícios são considerados expressões da reencarnação e são cruciais para o processo de escolha.

Um dos primeiros passos é a consulta a oráculos e lamas de alto escalão, que interpretam sonhos e sinais espirituais. Esses líderes espirituais realizam cerimônias para buscar orientação divina sobre a localização do novo Dalai Lama. A tradição tibetana acredita que os sinais divinos desempenham um papel crucial na identificação do sucessor.

Após a identificação inicial, uma comitiva de lamas é enviada para procurar o menino. Este grupo é encarregado de visitar diversas regiões do Tibete e áreas vizinhas, onde é mais provável que o novo Dalai Lama tenha nascido. Durante essa busca, são utilizados vários métodos, incluindo a observação de características físicas e comportamentais que se assemelham ao antigo Dalai Lama.

Uma característica fascinante desse ritual envolve a utilização de objetos que pertenciam ao Dalai Lama anterior. Os lamas mostram ao garoto uma coleção de coisas, como roupas, instrumentos e brinquedos. A maneira como ele interage com esses itens é plenamente monitorada. Se o menino identificar e mostrar afinidade por objetos que pertenciam ao falecido Dalai Lama, isso é considerado uma prova significativa de sua identificação como reencarnação.

Quando um candidato é identificado, conduzem-se vários testes adicionais para verificar a sua autenticidade. Esses exames podem envolver perguntas sobre a vida do antigo Dalai Lama e a habilidade de reconhecer outros lamas e artefatos sagrados. O procedimento é minucioso e precisa ser realizado com extrema precaução, já que uma escolha equivocada pode acarretar consequências importantes para a comunidade budista tibetana.

À parte dos elementos espirituais, a situação política também influencia na seleção do novo Dalai Lama. Desde a ocupação chinesa no Tibete, a liderança espiritual tem encontrado obstáculos consideráveis. O governo chinês, por exemplo, tem tentado se imiscuir no processo de escolha, declarando que quer designar o próximo Dalai Lama. Isso traz uma complexidade extra ao ritual, já que a escolha do sucessor também está relacionada à luta pela autonomia e preservação da identidade cultural tibetana.

Após a confirmação do sucessor, o menino é educado em doutrinas budistas e práticas espirituais, preparando-o para assumir seu papel como líder. A cerimônia de entronização é um evento grandioso que reúne seguidores de todo o mundo, simbolizando a continuidade da linhagem dos Dalai Lamas.

No geral, o procedimento para escolher o sucessor do Dalai Lama é um ato profundamente espiritual e cultural, cheio de simbolismo e práticas religiosas. Ele garante não só a continuidade da liderança espiritual tibetana, como também simboliza a resistência e resiliência de uma cultura que luta por manter sua identidade frente aos desafios modernos. Dessa forma, a seleção de um novo Dalai Lama é um evento de grande relevância, não apenas para os budistas tibetanos, mas para todos que apreciam a diversidade cultural e espiritual global.

Até Joao K. Pinto

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