A Amazônia brasileira se prepara para um grande teste de resistência devido às mudanças climáticas. Após a severa seca de 2023, a maior floresta tropical do mundo enfrenta a perspectiva de outro período crítico de escassez de chuvas.
Um dos principais motivos de preocupação dos reguladores e agências governamentais brasileiras é a possibilidade de que secas prolongadas, que podem se estender até novembro, possam afetar seriamente o fornecimento de energia na região.
Em maio de 2024, a Defesa Civil do estado do Amazonas orientou as populações das áreas mais vulneráveis à seca a começarem a estocar água, alimentos e medicamentos em preparação para o pior cenário. O transporte na Amazônia depende muito de dois rios, mas com a redução drástica do volume de água em muitos deles, o transporte se torna inviável em diversas regiões, principalmente aquelas distantes dos centros urbanos.
O fornecimento de diesel (ainda o principal combustível usado em áreas remotas da Amazônia) para abastecer usinas termelétricas está comprometido.
Desde maio, o Ministério de Minas e Energia (MME), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e produtores locais de energia trocam uma série de memorandos, mostrando seus esforços para evitar cortes massivos de energia em dezenas de municípios e estão sob pressão para acelerar a compra e distribuição de diesel para repor os estoques até o fim do ano.
“Diante do cenário de possível impacto no transporte de combustíveis na região, essencial para a continuidade da geração de energia elétrica em comunidades isoladas, destacamos a importância da Aneel monitorar, em conjunto com os agentes responsáveis pelo fornecimento de energia elétrica, os riscos associados “a serviço dos municípios da região Norte”, afirmou o Ministério de Minas e Energia em 14 de maio. O ministério instou o regulador de energia “a elaborar planos de ação para lidar com a situação de seca esperada na região amazônica”.
No ano passado, diversas regiões da Amazônia sofreram com cortes prolongados de energia e racionamentos frequentes devido às restrições de acesso para navios que transportam combustível. Essas viagens normalmente levam semanas entre distribuidoras e usinas termelétricas.
Um novo normal para a Amazônia?
Pesquisadores alertam que a Amazônia pode estar se aproximando de um ponto crítico, após o qual partes da floresta tropical podem ser transformadas em regiões semelhantes a savanas.